terça-feira, 8 de junho de 2010

Cinco Sentidos


Eu vejo a casca
Eu vejo as veias
Eu vejo o raio no seu ápice
e meus olhos não vêem que o vazio é maior do que o cálice

Eu leio
a verdade estática
Eu leio a mentira didática
Eu leio a entrada da saída
e minha boca faminta nem sabe mais o que mastiga

Eu ouço
a respiração do mecanismo
Eu ouço a masturbação do egoísmo
Eu ouço tudo fora de centro
e meus ouvidos não pararam para ouvir o silêncio

Eu cheiro
o esgoto não tratado (embaixo das unhas)
Eu cheiro o órfão abandonado
(em cima das luas)

Eu cheiro a absurda falta de sentido
e minha narina esquerda não conseguiu cheirar a rima óbvia

Eu sinto
amor
Eu sinto muito
Eu sinto frio
e minha pele continua cinza

e meu cálice continua
vazio.