Eu vejo a casca
Eu vejo as veias
Eu vejo o raio no seu ápice
e meus olhos não vêem que o vazio é maior do que o cálice
Eu leio a verdade estática
Eu leio a mentira didática
Eu leio a entrada da saída
e minha boca faminta nem sabe mais o que mastiga
Eu ouço a respiração do mecanismo
Eu ouço a masturbação do egoísmo
Eu ouço tudo fora de centro
e meus ouvidos não pararam para ouvir o silêncio
Eu cheiro o esgoto não tratado (embaixo das unhas)
Eu cheiro o órfão abandonado
(em cima das luas)
Eu cheiro a absurda falta de sentido
e minha narina esquerda não conseguiu cheirar a rima óbvia
Eu sinto amor
Eu sinto muito
Eu sinto frio
e minha pele continua cinza
e meu cálice continua vazio.
terça-feira, 8 de junho de 2010
Cinco Sentidos
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