terça-feira, 8 de junho de 2010

Cinco Sentidos


Eu vejo a casca
Eu vejo as veias
Eu vejo o raio no seu ápice
e meus olhos não vêem que o vazio é maior do que o cálice

Eu leio
a verdade estática
Eu leio a mentira didática
Eu leio a entrada da saída
e minha boca faminta nem sabe mais o que mastiga

Eu ouço
a respiração do mecanismo
Eu ouço a masturbação do egoísmo
Eu ouço tudo fora de centro
e meus ouvidos não pararam para ouvir o silêncio

Eu cheiro
o esgoto não tratado (embaixo das unhas)
Eu cheiro o órfão abandonado
(em cima das luas)

Eu cheiro a absurda falta de sentido
e minha narina esquerda não conseguiu cheirar a rima óbvia

Eu sinto
amor
Eu sinto muito
Eu sinto frio
e minha pele continua cinza

e meu cálice continua
vazio.

3 comentários:

  1. conteúdo multimídia para exposição em aula:
    http://cafesfilosoficos.wordpress.com/

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  2. Pura Poesia!
    Que peso tem a nossa existencia afinal?
    Não gosto muito de decifrar poesias, mas achei bem interessante sua colocaçao dos sentidos sobre a tentativa de desvendar os misterios da vida.
    Abraços e até o proximo semestre!
    Ieda

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  3. O mais interessante e saber o quanto elas são significativas pra gente,
    o quanto cada uma representa e o quanto nos faria falta !
    gostei da poesia !

    abração!

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